7.7.11



Eu não deixei de amar você, nós sabemos disso. Não se deixa de amar o amor da sua vida, a pessoa pra quem você se entregou por inteiro, a pessoa que te teve na mãos. Não, eu não deixei de amá-lo. Eu aprendi a amá-lo ainda mais. Aprendi a amá-lo tanto que entendi que a sua felicidade, infelizmente, não é como a minha. Ela não está comigo, assim como você. O inevitável é não pensar nas noites que dormi vestida naquela camisa, como também na camisa que presava pelo nosso amor. Noites em que antes de dormir te imaginava chegando, com qualquer desculpa que fosse, pra dormir ao meu lado. Você não veio. Canções, histórias, pessoas, lugares, viagens, vitórias, derrotas, vidas para dividir com você e você não veio, nunca soube do que eu tinha para lhe dar, nunca saberá. E não fosse a chuva que caiu por várias noites e o sol que insistiu em nascer tantos outros dias, poderia bem dizer que por muito tempo o tempo se manteve parado. Eu na espera de um alguém que já não existia, contando uma história que na verdade nunca aconteceu. Dos e-mails que não recebi, das mensagens que não me chegaram, das ligações que não tinham sua voz o que ficou foi a mágoa de saber da saudade que você não sentiu. Tanto amor do outro lado da cidade e você dormindo sozinho, me fazendo passar frio. Tentei contar todos os Kms que tiram nossas noites de paz e deixam o frio maior. Você sabe, essas noites longe de ti, não tem sido fácil. Tem uns pensamentos antes de dormir que saltam dos planos de reencontro pro medo imenso de perder você pra essa distância e saudade imensa que ficaram nos espaços que eu costumava ocupar. Queria assistir filmes na madrugada com você, queria isso todas as madrugadas da semana e queria que a semana nunca tivesse fim. Queria sentir teu cheiro vindo no ar, em meio às nossas conversas sobre o futuro e também sobre o que passou, teu cheiro misturado ao som da nossa música enquanto você me beija e, finalmente, o frio passou. Queria sentar no teu colo no fim do dia, meus braços agarrando seu pescoço e nosso riso fácil, sem nenhum motivo maior, a não ser a imensidão que é não estar longe, poder tocar. Queria você aqui pra dormir, pra acordar, pra brigar por coisas bobas e fazer as pazes com beijos sem fim, mas só tenho a saudade e um celular que alivia esse apertinho e a insegurança que essa distância acaba por causar. E a gente tenta porque pra nós compensa, embora ninguém entenda. A gente tenta por saber que toda a distância que separa nossos corpos não consegue separar nossos sonhos e nem apagar as lembranças boas que fazem a gente querer sempre mais. A gente tenta porque o tempo passa e vem o reencontro, vem os beijos demorados, vem as noites sem sono, vem o amor sem fim. A gente tenta por ter essa coisa mágica que rola quando nos olhamos e parece ser a primeira vez, quando nos abraçamos e o mundo inteiro parece conspirar a favor, parece nunca ter nos afastado. E acredito em todas as canções que cantam coisas bonitas sobre amores que crescem mesmo com a distância; leio cheia de fé e felicidade histórias de distâncias que não separaram e que renderam bons finais felizes e faço-me surda pra quem diz que não vai dar certo, que o tempo vai estragar... Ninguém estraga o que existe entre a gente, nada apaga as coisas que vivemos. Meu bem, para mim, você continua segurando minhas mãos enquanto caminho até uma lanchonete à procura de um jantar. Para mim você é a canção preferida que toca no rádio, um seriado que eu assisto diariamente pela sensação boa que me causa, um livro que eu leio e ao chegar no fim queria que não tivesse acabado. Todos os Kms que não me deixam te tocar não são nada quando sonho com você ou quando penso, cheia de esperanças, que o tempo correrá e nossos corpos se abraçarão outra vez. Toda essa distância não é nada quando no fim dessa estrada eu sei que vou encontrar você, os mesmos olhos e a mesma boca, cheio de coisas novas para dividirmos. Ainda haverão alguns reencontros, quem sabe alguma troca boba ou intensa de palavras. O plano era ser discreta, aprender a controlar esse impulso que grita palavras que eu preciso calar. O plano era ficar bem, estar bem e me sentir feliz em ver você bem também, o plano era dar fim aos sentimentos que ficaram e manter a casa arejada para novos sabores, pessoas e lugares. Vai ser bom ouvir sua voz, descobrir de longe seu perfume novo e quando meus olhos derem de encontro com teu corpo e lembrar de quando ele era meu vou pensar mil coisas, alguns segredos nossos, mas vou silenciar. Ainda lembro o sabor mágico de tirar tua roupa e algumas músicas ainda me falam sobre você. Não se preocupe, vou ter controle dessa vez e não por saber que é sensato, mas por ser preciso. É preciso que alguns dos nossos nós se desfaçam e é hora do tempo realmente passar pra mim e pra você - mais pra mim é verdade, que não deixei um dia sequer de pensar em todas as probabilidades de voltarmos atrás. Não voltamos. Diferente do que pregam é bem mais fácil olhar pra frente e caminhar, mesmo sem destino, deixando o caminho às costas num passado que é relembrado todo dia e o mesmo número de vezes é visto como inalcançável, sem sentido algum. Não há sentido em nada, eu não tenho sentido nada, só uma coisa que deve ser o que chamam de saudade. Em algum momento você vai pensar em mim? Se perguntar em silêncio sobre mim enquanto me ver ser boa atriz e fingir que tudo bem? Quem sabe pensar no tom bobo da minha voz te falando verdades que você não acredita. Quem sabe pensar nas vezes em que não fizemos amor, nas vezes em que isso era tudo o que tínhamos. Queria que você pensasse nos meus olhos, de como mudam o tom e a direção, de como giram sem controle e de como ficam ternos sempre que te encontro, de costas ou não, o dono particular dos meus melhores momentos. Mas você não se apega aos detalhes, você me esqueceu rápido, feito um furacão seguiu em frente e tantas casas depois da minha fica impossível notar meu olhar. Tens minha admiração por isso... todo esse autismo, confiança. Você se tornou o que eu era antes de você, levou de mim a mágica que eu via em superar. Qualquer hora dessas eu pego de volta. Você sempre me surpreende e eu fico me perguntando se algum dia ainda vou te confidenciar coisas sobre querer você sem todo aquele desespero de sempre, sem todo esse medo de não acontecer jamais. Você que não é meu e me pertence, todos os sonhos e essa constelação sentimental que paira no ar todas as vezes que te ouço e te devoro em pensamento. E quando a mente ficar vazia, porque uma hora ela vai cansar, vou te ver sair calado e eu na minha, congelando, fazendo de conta que meu mundo não está aos poucos caindo a cada passo que você dá. Vou até sorrir torto, todas essas artimanhas que passei meses treinando, e vou levar meus olhos carregados pra um canto qualquer e fingir que eles estão apenas perdidos, que não te viram passar... enquanto minha alma procura a tua prum re-conhecimento, começar do zero, um primeiro encontro e primeiros toques. Nossas almas longe dessa confusão que acontece em volta dos nossos corpos. Duas almas falando a mesma língua, voltando ao encantamento, encontrando mágica em se apaixonar. E eu ainda tenho o dom de procurar um final feliz pra nossa história, essa que há muito tempo já se findou. Eu continuo o amando, às escondidas, da minha forma meio errada e assim, de certa forma, cumprimos sem perceber a nossa promessa de que seria pra sempre. Você calado no seu mundo, observando o meu. Eu, como sempre, falando muito mas não com a voz e sim com essas letras embaralhadas que continuam te trazendo aqui e me ajudando a falar com você sem que você perceba, sem que ninguém saiba, sem que o mundo veja.

Que meus erros do passado não te impeçam de tentar outra vez, de amar novamente!

Textos da, Jéssica Taiza.. sempre falando tudo por mim!

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