5.1.12

Intensidade




Temos um problema chamado intensidade. Um problema meu. Alguém, por favor, me ensina a controlar essa mania de ser eu mesma demais. De calar quando eu deveria falar e, ao ser necessário uma palavra, fazer sempre o contrário. Acho que sou a pessoa mais torta que eu conheço e, também, a mais intensa nisso de fazer tudo torto. O fato é que de apego eu ando meio por fora. Meses inteiros ensaiando relacionamentos e dando fim aos inícios todas as vezes que me via transparecendo sentimentos. 
Não sei mais dirigir a coisa. Onde é que está o freio disso? De uma hora pra outra eu vi a coisa toda ficar enorme, bastou eu me permitir. No momento em que pensei "Vou deixar acontecer" a coisa já havia acontecido e só cresceu de lá até aqui. Ficou maior que eu e vem causando alguns estragos. E sim, eu já puxei minha orelha, mas não resolveu. Eu tenho vontade de ligar o tempo inteiro. E de dar colo. E de pedir de carinho. De andar de mãos dadas, trocar mensagens, dizer que sinto saudades. Exatamente todas essas coisinhas que a gente faz quando está apaixonada, num descontrole total e sem regras nenhuma. Passei muito tempo me controlando, sabe? Ligações contadas, mensagens bem planejadas, conversas decididas. Tudo quase que ensaiado, sem muita expectativa. 
Passei tempo demais tendo a coisa toda sob controle, tanto tempo que acabei desacostumando E então eu começo a me sentir com quinze anos e vivendo a primeira paixão, quando está tudo errado porque meus vinte e poucos não somam apenas anos, como também uma quantidade enorme de namoros e paixões frustradas. Eu já devia ter aprendido a não fazer essa coisa errada de sair despejando sentimento sobre os outros e declarando uma paixão que pode vir  a nem ser paixão ainda. Intensidade é confuso, eu quase enlouqueço. E saber que eu sou assim me mete medo. Medo de não dar conta se a coisa se desdobrar de forma diferente da que eu espero. Fora o medo de colocar sentimento demais onde nada existe. Tenho vontade de saber como controlar, tanto a euforia quanto as coisas que começam a crescer aqui do nada e precisam ser colocadas para fora. Queria alguém que me falasse como agir, me ensinasse como voltar a ser tudo que vim sendo por tanto tempo e desaprendi do nada.
Tenho medo de que ele não entenda afinal, que culpa ele tem se as pessoas que conheci não me encantaram o suficiente? Não tem obrigação nenhuma de agüentar meus surtos de expectativa desmedida quando a gente ainda nem começou direito o que, na minha cabeça, pode vir a ser uma bonita história. Se eu não estragar tudo. Se ele não fugir com medo. Mas o que fazer agora? Intensidade é um daqueles lances que podem estragar tudo e, de repente, depois de vidas inteiras sendo intensa em saber o que fazer me vejo intensa em não saber o que escolher fazer, por querer com toda intensidade algo grande e saber que o resultado disso pode vir a ser nada. Alguma psicóloga disponível?

7.12.11

Até que...


Tudo vai bem. Na mais santa paz. Calmaria total. Eis o bom da vida de solteiro e você aprendendo a apreciá-la, até que (...). É isso mesmo. Sempre tem esse "até que (...)". É incrível esse poder que a vida tem de entupir nosso caminho com coisas que não condizem com ele. Pelo menos não no momento.
O fato é que você, por motivos maiores, decidiu deixar essa coisa de amor pra lá. Abriu mão de uma história bonita porque, fazendo as contas, nem lembra quanto tempo faz que alguém realmente valeu à pena. Você, já cansada dessa coisa de cruzar os dedos e esperar que qualquer coisa dê certo, jogou tudo pro alto e foi viver a intensidade. A intensidade do sábado à noite, do descaso, da doidera. O tal do "enfiar o pé na jaca" que você ouvia o mundo inteiro falar e que você sentia falta de viver. Pois bem, se bonito é fazer loucura a gente vai lá e tenta.
MAS (porque sempre tem um "mas") em meio ao caos da sexta-feira tão esperada e cheia de bebida num lugar diferente e com pessoas mais diferentes ainda, surge alguém. Você lá fazendo exatamente o que manda a cartilha, nova adepta do "pega e não se apega", cheia de certeza que nada mais vai abalar suas estruturas... E então chega alguém. Você o beija, é claro. Sexta é dia de beijar - regra do bon vivant club. Mas até então você o beijaria e ponto. É assim que funciona: um cara, noite de sexta, álcool, beijos, nunca mais ver o cara. É o que me ensinaram e o que eu vinha fazendo muito bem. Mas o cara não foi embora, de jeito nenhum. Segurou minha mão, me deu outro beijo e não me largou mais.
Eu sei, eu deveria ter cortado. Achei fofo, fui fraca. É que essa coisa de ser mulherzinha por muito tempo faz mal aos neurônios da gente e eles demoram pra se adaptar ao novo mundo. E com aquelas mãos carinhosas segurando as minhas e os olhos mais lindos que eu já vi... Não dava pra simplesmente fingir que não gostei. Eu gostei sim. E eis um castelo inteiro indo à baixo, porque, PASMEM!, sábado foi exatamente igual: mãos dadas, carinhos, até demonstrações de ciúmes. O cara que eu pegaria na balada por ser um rosto bonito no meio da multidão simplesmente segurou minha mão e não largou mais. Desestruturou tudo. Me procurou na segunda-feira. Me quer de novo. E me fez perder a vontade dessa doidera toda que é sim muito boa, mas não condiz muito com o que eu sou de verdade. O cara apareceu do nada e bagunçou tudo. Mais que isso: colocou tudo em seu devido lugar.
E todo o clichê do mundo inteiro parece a maior das verdades. Não esperar nada traz muita coisa. Não querer nada traz malas cheias de surpresas e, como dizem que é, surpresas boas. E a única coisa que você consegue pensar é que você lucrou, porque se der certo vai ser uma maravilha, mas se não for assim tudo bem, você nem esperava algo desse tipo mesmo. E uma lição das boas foi bem aprendida: O que a solteirisse não cura, outro amor vem e leva. Pra bem longe. E você sorri. É hora de começar tudo de novo e parar outra vez, numa outra sexta, com outro cara que te segure e não largue mais. Exatamente como, no fundo, você quer que seja. Hora de parar de deletar o passado e começar a deixar que o futuro seja, sem pressa nenhuma... é tão bom ganhar presentes!

Jéssica Taiza.


5.11.11



Das coisas que traduzem o meu momento.
Não existe explicação para ser tomado de amor, alegria e gratidão. Um dia, simplesmente, as coisas fazem sentido, principalmente situações aparentemente desagradáveis do passado. Então você percebe que quando não conseguia andar, é porque estava aprendendo a ficar parado pra pensar mais, observar mais, cuidar de outras coisas que estavam sendo negligenciadas pela sua falta de tempo. A gente corre demais o tempo todo, mas isto não faz o nosso dia maior, isto só faz o nosso dia ser mais cansativo e nos empobrece. Por isso as pessoas perdem a beleza da segunda-feira porque passam as horas todas da semana esperando a sexta. E pouco se dão de prazer quando chega o final de semana, porque além de tudo, se deprimem no domingo. Há tanto a ser vivido de maneira mais leve, mesmo dentro desse turbilhão de trabalho e estudo e corrida pra ver quem acumula mais bens materiais. E todos esquecem que o corpo pede um olhar mais minucioso, os dias pedem mais admiração, as pessoas são mais importantes que as coisas e os acontecimentos são aprendizados, eternos aprendizados. As pessoas estão esquecendo que têm o direito à escolha e que cada um tem que passar por todas as estações do ano. Tenham sensibilidade para que a arte, por exemplo, penetre verdadeiramente o coração de vocês. Tenham consciência que a espiritualidade é um ato de amor e liberdade. Tenham vontade de alegrias cotidianas se dando um pouco mais de mordomia emocional quando tudo está dando "errado". E exerçam o egoísmo vezenquando. Se colocar nos 5 primeiros lugares vai te fortalecer a ponto de poder, um dia, ajudar verdadeiramente alguém, ou amar sem posse, ou estar feliz sozinho, ou...(complete a frase).

Neste momento, não tenho nada a dar a ninguém. Tenho uma energia concentrada na mudança que quer que eu saia da zona de conforto e cresça. Isso é muito difícil e solitário, não achem que seja apenas egoísta. Mas estou me dedicando ao processo com uma disciplina que nunca tive. Entendam, eu tenho amor sobrando em mim e poderia fugir do meu processo. Mas a proposta é cuidar do que foi negligenciado por tanto tempo. Um dia eu voltarei pra todo mundo que me queira como companhia, mas agora sou eu que escolho quem vai participar do meu ESPAÇO SAGRADO DE DENTRO.

Marla de Queiroz

26.10.11




Sobre a saudade eu sei. E sei também do tempo que passou, cada minuto incontável e, por vezes, tão demorados. Sei das cartas que não chegaram e também de todas que escrevi, mas não mandei. Sei de algumas coisas que te aconteceram e de quase nada sobre mim. Algumas coisas não mudaram. Outras se perderam sem que algo pudesse ser feito.
Às vezes quase te ligo durante a noite, mas desisto porque sei que você falaria impaciente de um jeito que eu sempre detestei. Às vezes penso em ver você, mas ainda não sei o que te diria e então deixo pra lá. Venho deixando para lá todos os dias. Adiando qualquer coisa que eu não sei o quê, mas que certamente não faria diferença alguma.
Nossa foto empoeirada guarda sorrisos tão verdadeiros. Tem qualquer coisa bonita nisso que eu ainda não sei descrever, mas quando souber te enviarei uma carta contando, pra você ler num domingo e pensar que nem sou de todo mal assim. Sou bem do bem na verdade. Talvez você não tenha percebido e eu bem admito que só descobri isso depois que você se foi. Mas, de qualquer forma, ainda solto palavrões quando bato com o joelho no canto da cama ou de alguma cadeira por ai. Nada tão imperdoável quanto às coisas que eu fazia antes. Você pode não acreditar, mas deixei de precisar pedir desculpas com tanta frequência. Deve ser porque não tenho mais com quem brigar pra decidir quem apagará a luz.
Sei de tudo o que você detestava em mim. E mudei. Sério. Melhorei em quase tudo. Só continuo tão ou mais exagerada quanto antes, mas também quem garante que não era isso que desencadeava todo o resto? Acho que eu nunca vou saber. Pra falar a verdade, nem me interessa. Na maior parte do tempo estou mais preocupada em ler ou assistir qualquer coisa que ficar me policiando pra ser alguém melhor. Ser alguém melhor tem de ser algo natural. É o que eu acho. Mas eu também acho que você não deveria ter ido embora, então o que eu acho não deve contar muito.
No fim das contas o que eu queria era que você recebesse essa carta. Eu não vou mandá-la, a gente sabe disso. Mas eu realmente queria que você lesse qualquer uma das milhões de cartas que escrevi pra você. Não para que me mandasse uma resposta. Eu sei que você não o faria. Era só pra eu saber que você não me esqueceu. Era só pra eu saber que mesmo não fazendo falta, você continua sabendo que eu existo. Sabendo que esse sentimento existe. E ele é lindo. E verdadeiro.
Era só pra você saber que quando chove é em você que eu penso. E quando faz sol eu quero ter você comigo. Se o tempo passa eu só o sei por que conto o tempo em que não tenho você. E tem alguma coisa no teu sorriso que não me deixa te tirar da cabeça. Mas isso não é coisa que dá pra escolher. E também se pudesse eu nem sei se faria. Porque não dói, sabe? Nem mesmo por um segundo. É bonito demais pra doer. É grande demais sentir alguém assim, independente de tempo. É mágico demais, pra alguém simplesmente me pedir pra deixar de te amar. Eu não vou. Pra lugar nenhum. Vou ficar aqui e continuar escrevendo. Vou sonhar todos os dias, sem esperar por nada. E não importa que digam que é errado. Tem tanta coisa errada no mundo que ninguém se importa em mudar. Sentimento bonito assim só pode é fazer bem. A gente sabe disso. Em cada riso dado, em cada momento juntos, em cada sonho realizado. A gente sabe disso. E só de saber que dividimos esse segredo, já sou feliz. Sem garantia nenhuma, mas com toda a esperança que só o amor é capaz de não deixar morrer.

Jéssica T.

15.10.11



"Isto não é um adeus. É apenas o caminho pelo qual o amor continua quando as palavras não aquecem o bastante para afastar o frio"

Em meio a tantas dúvidas encontrei a certeza de que nada era exato ao te amar. Entre tanta gente covarde eu tive a coragem de me entregar. Rodeado de amores medíocres eu ousei desejar o sublime. Então que ninguém me peça para desistir ou voltar se o que há na volta ainda é o que me fez partir. Se por acaso não há mais a gente, me diga, qual motivo eu tenho para não querer daqui embora ir? E veja o tanto que eu pedi. Eu desejei, eu implorei, eu me ofereci por inteiro a qualquer um por algum pedaço a menos de saudade. Mas ninguém nunca trouxe o seu abraço, ninguém nunca trouxe o seu cheiro, nenhum nunca teve o seu jeito, todos erraram onde você acertou e acertaram onde você errou, ninguém nunca trouxe o seu medo e também nunca pensou em levar de mim esse desejo.
Só quem sente sente o que sente. Só quem sabe sabe o que sabe. Só a gente sente e sabe o que a gente viveu. Não me importa se o nome do que havia era amor, se era amizade ou se ainda estávamos no vazio complexo que habita entre os dois. Talvez se todos também pudessem sentir e saber haveria mais vida na vida, mais dia nos dias e mais corda nos corações desses tantos que já se esqueceram que precisam bater, que amar é viver, e que a recusa ao amor faz nascer aquelas estrelas que à noite todos esquecem de notar.
Havia alegria, havia o gostar da companhia... É então que eu vejo que o amor sempre esteve lá e eu posso pensar que não era para ter sido, que pode dar um bom livro o amor do qual a vida nos livrou, que eu nunca te amei e parti, que você nunca foi um amigo de verdade e não se importou.
Há várias possibilidades que eu posso me dizer agora para confortar a alma. E há tantos motivos aqui que eu não saberia por onde começar. Então, se eu te falo sobre te esquecer eu confesso, eu não te esqueci, eu desisti. E desistir é apenas um jeito de seguir em frente e lembrar do que não se pode ter.
Eu voltarei, não sei de onde nem para onde, mas eu vou te procurar, meu amor, quando eu puder te chamar de "meu amigo", sem sentir que isso é pouco, sem que por isso haja dor. Até lá eu quero que você guarde todo dia um sorriso para mim e mesmo que eu não volte entregue a cada dia esse sorriso para o mundo e saiba que a vida pode sim ser feliz. E se eu não voltar, você já sabe o motivo, mas também saiba que eu vou recomeçar e encontrar algum jeito de a vida ser feliz sem a gente aqui comigo. Não que eu não seja feliz, mas eu vou achar um jeito de amar alguém de novo.

14.10.11



Não quero saber de medo, paciência, tempo que vai chegar. Não negue, apareça. Seja forte. Porque é preciso coragem para se arriscar num futuro incerto. Não posso esperar. Tenho tudo pronto dentro de mim e uma alma que só sabe viver presentes. Sem esperas, sem amarras, sem receios, sem cobertas, sem sentido, sem passados. E preciso que você venha nesse exato momento. Abandone os antes. Chame do que quiser. Mas venha. Quero dividir meus erros, loucuras, beijos, chocolates... Apague minhas interrogações: Por que estamos tão perto e tão longe?

(autor desconhecido)

20.9.11

Losers. Or not!

Estar vivo é perder. Perder os dias que passam, as horas que não voltam, os lugares aos quais não voltamos a pertencer. Viver é ter essa coisa grande, imensa, e cheia de surpresas que é acordar todos os dias e sentir o ar entrar e sair outra vez, numa próxima já diferente, porque nada volta a ser igual. Viver é saber que o não estar vivo está logo ali, mas se negar a aceitar isso e lutar para que isso demore a acontecer. Perder também é grande. Em dor, em medo, em luta, em recomeço. Perder é, antes de mais nada, precisar de forças para entender. Quem perde e não se entrega é gigante, pode muito. Quem perde e chora é humano, tem muito pra botar pra fora. Quem perde e se entrega, nunca merecia ter tido. Drasticidades à parte, perder também é sublime. Ninguém descobre a força que tem até sentir o choro na gargante e continuar encontrando motivos pra sorrir. Ninguém sabe o quanto pode ir longe até perder o caminho. Quase ninguém consegue vê, mas perdendo se ganha muito: outra chance, nova vida, rumos diferentes; quem perde algo ganha possibilidades e, se der sorte, ganha conforto à curto prazo. E o melhor de tudo, quando perde-se algo é que descobre-se o valor daquilo. Sem filosofia barata de quem precisou perder pra dar valor, isso é cegueira. Falo de algo bem melhor que isso... Falo da saudade boa dos dias que não voltarão a ser, falo da grandiosidade dos momentos bobos e memoráveis ao lado de alguém com quem isso jamais voltará a acontecer, falo de perceber o quanto foi incrível mesmo que nunca mais volte. Sem chorar o leite derramado, perder e não poder ter de novo é se saber sortudo por um dia ter tido. Sem olhar pro fim da estrada, sem cronometrar a caminhada, a gente quer mesmo é viver o que for concedido. Se for pra perder, que seja... Aproveitemos! Quem perde algo, já o ganhou um dia e nada é mais certo: Quem tem medo de entrar na guerra já está vencido.

Jéssica Taiza