24.8.11



Mas eu não apareci. Eu não quis aparecer. Perdoe se eu não te liguei. Desliguei o celular consciente de que haveria, no meu dia, alguma ligação buscando sobre explicações. E não tenho explicações para dar. Não quero ter. Porque tenho medo de sentir. Tenho medo do meu próprio coração. E sua chegada inesperada só me entrega essa certeza que não se conclui em frases ou pensamentos exatos. Eu não apareci porque meu coração anda sensível e confuso. Te encontrar, colocar os meus olhos dentro dos teus, tudo isso renovaria imensas certezas e gigantescas dúvidas sobre todo esse tempo que passou entre nós. Existe um laço, alguma conversa que precisa existir, alguma explicação que necessita de espaço e não me sinto preparado para jogar esse jogo. Mesmo depois de quanto tempo, você sabe dizer? Atendi teu segundo telefonema ao acordar no susto. Justas as suas cobranças. Rouca a minha voz de quem dormiu muito mal. Fria a maneira como você conduziu o nosso próximo encontro. Sutis as sensações, que eu não havia conseguido decifrar desde a sua entrada nos meus dias. O fato é que sua ligação nesse domingo me esclareceu intimidades e dores que eu não tinha notícias desde muito tempo. E é o tempo que quando não nos resolve alguma história, faz com que ela perca o vigor. Você perdeu o vigor. Nós perdemos o vigor. Essa história de debater relações, de dar nome aos bois, de discutir intimidades pode ser muito saudável nos filmes. Na vida real faz muito mal. Especialmente quando é o silêncio quem dialoga entre as personagens.

Egídio La Pasta Jr.

Nenhum comentário:

Postar um comentário